segunda-feira, 5 de março de 2012

Sem título.

A oportunidade de tornar-se melhor está em toda parte, 
Basta você optar por agir. 
Não é melhor ver um vazio e preenchê-lo? 
Ouvir um pedido de ajuda e respondê-lo?. 
Deixar de fazer errado e fazer o certo?
Fazer coisas grandiosas é tão fácil como fazer coisas simples.
Como mudar o mundo por exemplo. 
Construir uma casa.
Pintar uma escola. 
Capacitar a juventude. 
Alimentar os famintos. 
Revitalizar uma comunidade. 
É bom responder ao chamado da ação. 
Ao grito para a guerra. 
Determinado.
Apaixonado. 
Conectado. 
Procure-se dentro de você. 
Estenda a mão a você mesmo. 
Dirija-se para qualquer destino. 
Aventure-se para o meio do nada. 
Faça de tudo um propósito. 
Assim, quando o sol se por e você pensar sobre o que o amanhã trará, 
entenderá que melhor não é o que fazemos. 
É o que somos. 

(Eliomar de Oliveira)

Prá ti.

Não te quero ver assim, de modo algum, pois dessa forma perdes esse brilho elegante e cativante pelo qual todos se encantam constantemente... Esse sorriso amável e discreto, essa felicidade que tem que ser esbanjada, pois é contagiante à beça... Esse olhar que encanta e fascina qualquer um que ouse viajar nessa profundidade misteriosa, nesse jeito sincero de viver efetivamente... E isso tudo, essa menina carregada de energias positivas não combina de forma alguma com um olhar  e uma voz abatida, mesmo que seja por um motivo supremo. Não deverias ficar assim, mas nesse caso eu “deixo”, só um pouquinho, sei que é algo importante e ninguém pode te negar esse momento... Mas só por esse momento.

(Eliomar de Oliveira)

Janela para o que eu quiser ver.

Queria ter uma velha mesa de madeira e uma cadeira também velha e também de madeira. 
Queria ter um fogão à lenha e ao fogo, um bule esmaltado, branco e sempre com café, café bem forte e quente. 
Queria ter também uma janela. Uma janela aberta para qualquer paisagem, qualquer uma, porque estando eu, sentado em uma velha cadeira de madeira, a frente desta janela, sentindo o prazer daquele café quente, conseguirei ver a paisagem que eu quiser e mais importante pensar em quem quiser.

(Eliomar de Oliveira)

Perguntas.

Onde guardo meu amor inconformado?
embaixo do travesseiro?
em cima ou dentro do guarda-roupas?
ou jogo ele fora?
escrevo ele antes, para não o esquecer?
talvez num poema curto?
ou o pinto em uma parede?
talvez o fotografe.
mas, com que câmera?
digital? não, claro que não.
com uma  câmera bem antiga.
e com filme em preto e branco
é mais romântico.
em preto e branco talvez  eu descubra
onde colocar a minha mão quando a tua eu não encontro.
Talvez descubra também onde colocar este amor inconformado.
(Eliomar de Oliveira)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

O amor acaba.

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite voltada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão;  mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

(Paulo Mendes Campos)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Aprenda a ver o que olhas.

Temos que aprender não só a olhar as coisas mas, aprender a vê-las.
Ao veres uma pessoa em dificuldade, doente, pedindo um prato de comida, dormindo na rua, veja isso de maneira diferente. Ela não está ali para mostrar como a vida dela é ruim.
ELA ESTÁ TE MOSTRANDO COMO A TUA É BOA.

(Eliomar de Oliveira)

Sabia quando te vi.

Eu te vi.
Meus sentidos todos acordaram.
Te ví, te ouvi, te cheirei e, finalmente te toquei.
Me apaixonei.
Mas como tanto?
Isso tudo não pode ter nascido a partir de um olhar.
Ou pode?
Pode.
Claro que pode.
E sabe do que mais?
Eu já sabia que aconteceria.
Eu te vi.

(Eliomar de Oliveira)