terça-feira, 29 de novembro de 2011

Parece ser e não é o que parece.

Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem. A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo Filho da Puta!


(Carlos Drumond de Andrade)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Poderia ter sido...

Seria só um beijo, se tua boca não estivesse tão molhada...Seria só um amor, se eu não tivesse me apaixonado... Seria só um tempo, se o relógio não tivesse parado...Seria só mais uma morte, se não tivesse sido a minha...Seria um nascimento, se tivesses  me permitido viver... Seria apenas mais um livro, se as palavras já não estivessem tão gastas por entre suas folhas de  tantas vezes que foram lidas e mesmo assim não entendidas...
Mas poderia ter sido..., um beijo interminável, se tua boca molhada não se contentasse apenas com um beijo, mas antes, desejasse outro, e outro e mais outros... seria um amor eterno, se tivesses te apaixonado também... seria um novo tempo, se os ponteiros  do relógio tivessem o compromisso de  dar sempre mais um pulo a frente... ao invés de uma morte, seria um renascimento, se tua vida precisasse de minha vida... seria uma enciclopédia se tua sede de me ler fosse incontrolável. E se, de tanto me ler, tú finalmente me compreendesses, conhecerias todos os meus pontos e vírgulas e interrogações e  exclamações. Só não te permitiria conhecer nunca, meu ponto final. Ele para tí...nunca existiria.

(Eliomar de Oliveira)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Vai acontecer contigo.

Nunca tiveste a impressão de que nada de bom estava acontecendo em tua vida? De que, por mais que tú te esforces e trabalhes, não és reconhecido? De que por mais que te dediques e demonstres isso a alguém, não és correspondido?
Pois então. Isso acontece com todos em algum momento da vida. Até que acontece alguma coisa. Acontece o que todos sempre esperam mas que muitos não acreditam. Acontece um milagre. Um milagre chamado amizade. Outros acontecimentos também são milagres mas o grande milagre mesmo é a amizade. Para amar alguém, tú escolhes esse alguém, investes nesse alguém e as vezes  até consigues conquistar esse alguém.
Na amizade é diferente.
O amigo te escolhe e te valoriza com sua escolha. E em minha opinião, ser "gostado" por alguém é muito mais importante do que apenas gostar de alguém. O amigo segura tua mão e, muito mais do que para te proteger, ele está silenciosamente pedindo tua proteção e imediatamente tú ficas sabendo disso e mudas teu comportamento e te sabes importante para alguém e te sabes gostado por alguém.
Ainda não aconteceu contigo? Vai acontecer, comigo já aconteceu.
Tú me deu a tua mão, Helena.

(Eliomar de Oliveira)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

É uma pena.

Tu sabes o que é sentir dor? Eu sei, está doendo. Mas a culpa não é tua e, como já disse uma vez, acho que também não é minha. Sei lá, acho que é minha sim. O que eu mais temia aconteceu. No afã de querer muito ou tudo de ti, acabei perdendo até mesmo o pouquinho de ti  que já tinha. E dói mais porque sinto que te faço triste, com o que digo, porque podes achar que és responsável. E de novo me perco. O que seria melhor? Parar de te dizer coisas e correr o risco de parecer desinteressado ou continuar dizendo e quebrando as promessas que te fiz de não mais dizer nada.
Ao menos, mostrando como sou e os medos que tenho, talvez possa ser por ti compreendido e perdoado. Sentir que te perdi, me fez tomar uma decisão, a de ficar calado de agora em diante. Não mereces que alguém fique te dizendo coisas que não queres ouvir, nem de que alguém fique esperando coisas que não queres ou não possas fazer.
Faz parte do amadurecimento de uma pessoa saber que o sol, nem sempre brilha para todos, que a chuva fresca cai apenas onde é mais necessária, que a noite reserva as estrelas mais lindas para quem estava lá admirando o céu, que o amor acaricia almas que se merecem e que as coisas acontecem para quem está no lugar certo, na hora certa e pelo menos na década certa.
É uma pena quando o destino coloca pessoas em mundos e dimensões diferentes.
É uma pena quando a única forma de juntar essas pessoas é com a construção de uma ponte.
É uma pena que só o amor consegue construir esse tipo de ponte.
É uma pena que essa ponte não foi construída.
É uma pena.

(Eliomar de Oliveira)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Vontade de escrever.


Hoje é segunda feira, 15h30min e para a maioria das pessoas, horário de trabalho. Para mim também, estou trabalhando (pode não parecer) mas, como trabalho para mim e ainda mando em mim, me dou alguns pequenos presentes e este é um deles. Resolvi escrever mas, o que escrever numa segunda feira às 15:30 horas.
Posso dizer que estou na finalização da edição do mês de meu jornal (e estou mesmo), posso dizer que, por o dia estar meio feio e nublado e que, o que tenho a fazer posso fazê-lo daqui (e é verdade), posso também dizer que apenas gostaria de "dizer".
E é exatamente isso que quero fazer, "dizer".
Mas, dizer o quê? Para quem? Por quê?
Vou dizer.
Aos 53 anos de idade, anos em que fiz muito e que também deixei muito por fazer; onde consegui ser feliz e conseguiram me fazer infeliz; onde fiz muitos amigos e consegui não perder nenhum; onde sorri muito e chorei mais ainda; onde casei e tive duas filhas e já tenho um neto; onde me divorciei, me desquitei, me separei e rompi relacionamentos.
Mas principalmente, anos em que escolhi palavras para me incentivarem. Palavras como "continue", "tente", "procure", "acerte". E eu sigo essas palavras, continuei, tentei, procurei. Quanto a última "acerte", ainda não consegui, muita coisa ainda não deu certo mas, vou "continuar", vou "tentar", vou "procurar" e um dia vou "acertar". Vou sim, porque só quero acertar em uma coisa e tenho a certeza de que se me dedicar a isso, se concentrar todos os meus esforços e minha energia nisso, vou acertar.
Quero acertar no amor. Como um cupido meio maluco, meio míope, mas feliz (e a felicidade é certeira), quero acertar uma flechada no coração de alguém. E que seja talvez e também uma feliz maluca mas que me queira como sou, que me aceite como posso ser e que me ame como consigo ser.
Disse que iria dizer e disse. Para quem? Por quê? Não digo.
Queria dizer muito mais. Não quero dizer mais nada.

(Eliomar de Oliveira)

domingo, 20 de novembro de 2011

Os amigos virtuais.

Fazemos declarações e confidências a pessoas que nunca vimos, que não conhecemos e que, para tornarem-se nossos "amigos" apenas tiveram o impulso ou a iniciativa de apertarem uma tecla, "Aceito". Esses  nossos "amigos" também não nos conhecem, então como nos confiam seus dizeres e dissabores e desamores e seus temores, suas verdades, afinidades, infelicidades e seu passado e seu presente e seus sonhos de futuro.
Eles confiam e nos desafiam a também confiar.
E o que é mais incrível, como gostamos desses ilustres desconhecidos. Eles nos fazem pessoas melhores, solidárias e juntos, nós todos que não nos conhecemos, criamos um novo tipo de amizade:
A amizade on-line.
Pôxa somos inventores e de uma coisa boa, ora viva . Já aconteceu comigo e talvez com algum de vocês, lá pelas tantas da madrugada algum desses "amigos" te chama no bate-papo e ficamos jogando conversa fora durante algum tempo. Lá pelas tantas, a conversa agradável acalmou o coração desse virtual "amigo" e ele tranquilo, obedeceu ao sono, se despediu e se foi. Tú ou eu o "amigo" que, quase dormindo foi convocado involuntáriamente para a conversa, despertou para ser solidário e depois ficou só e acordado.
E esse tipo de solidariedade é quase impossível de acontecer se não for on-line. Eu não sairia de casa as 02:00 ou 04:00 da madrugada para ir a casa de alguém para ouvi-lo ou confortá-lo, sinceramente.
Nao por falta de solidariedade mas, por falta de condução, por estar chovendo, por ter compromisso no dia seguinte, por enfim, tantos outros motivos.
Mas on-line eu vou.
On-line eu estou lá ou estou aquí, é só chamar.

(Eliomar de Oliveira)

sábado, 19 de novembro de 2011

Presente de aniversário para Aline.

Na festa de teu aniversário que (por razões que tu sabes, não fui), as fotos mostram que alguns convidados especiais foram. A Felicidade foi e como uma de tuas maiores companheiras, deve ter sido a primeira a chegar. Não, claro que não. A companhia maior desses teus anos de vida é o Brilho de teus olhos e esse sim, com ceteza foi o primeiro. Depois, aí sim, chegou a Alegria e junto com ela, as Risadas. Chegaram os Abraços, os Beijos e as Felicitações e garantiram o sucesso da festa. Esquecí, já estavam lá alguns figurantes: os doces, os salgados, os refrigerantes, os balões, a música (nem sei se havia), mas estes não faziam muita diferença porque uma das convidadas de tua festa ofuscou a presença de todos os outros, a AMIZADE. Ela foi uma grande ajudante tua, na recepção de teus convidados e ela foi incansável, estava ao lado de todos. E, não é que até o Igor(metido) foi? E outros não menos importantes: Teus pais, o Carlos Eli, o Zé e tantos outros bons amigos teus.
E, apesar de te conhecer tão pouco, tenho certeza de que tú nao esqueceu de agradecer ao convidado maior, que além de te propiciar esta festa, também te deu todos os teus amigos, esteve lá contigo do começo ao fim da comemoração, está contigo todos os dias e te dá presentes todos os dias, não importando se é ou não o dia do teu aniversário. Deus.
Eu, não fiz falta alguma.

(Eliomar de Oliveira)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Um ser especial.

Existe no mundo uma pessoa muito especial e eu ainda não a conheço, pelo menos não totalmente. Estou conhecendo-a aos pouquinhos.
No primeiro contato me chamou a atenção, seu jeito cuidadoso de escrever. O jeito como coloca as palavras em frazes sempre tão bem feitas, dizendo o que pensa com uma objetividade e ao mesmo tempo suavidade que me encantaram.
Num segundo momento encantou-me o teor de suas colocações, a coerência de seus pensamentos expostos com até certa inocência mas com uma firmeza que não permite duvidar deles.
Hoje conhecí sua voz. Que linda sua voz. Aquela voz límpida dizendo palavras bem articuladas e com uma entonação tão verdadeira e de novo mais um contraste. Como uma voz que soa tão juvenil consegue transmitir palavras tão consistentes, tão convincentes, tão agradáveis de se ouvir.
A alegria maior é ter me encantado com tantas qualidades por decisão desta pessoa, por sua bondade em se mostrar a distância, antes mesmo de conhecê-la pessoalmente.  
Agora falta-me conhecer a pessoa. Preciso saber seu jeito, saber como é. Preciso medi-la e o melhor jeito será com um abraço.Aquele que ainda não lhe dei. Mensurar não o tamanho de seu corpo, que por foto já conheço e é lindo, mas o tamanho do ser humano que é, para tentar descobrir como cabe tudo isso que já sei dela, nela.
Se bem que Deus sabe o mistério que envolve os milagres que faz.

(Eliomar de Oliveira)

Por quê flores morrem?

Uma flor sempre tão linda, sempre tão delicada e mesmo tão linda e delicada teve ainda a humildade de se misturar a elas, outras flores, não para concorrer com elas mas sim para passar despercebida em seu meio.
Resolveu ser florista para cuidar melhor de suas irmãs, as outras flores. E se dedicou  tanto a elas, cuidou tanto delas que acabou esquecendo de se cuidar.
Ela, a flor mais linda está doente, está morrendo. Ela a flor especial foi atacada por uma das ervas daninhas mais devastadoras da natureza. O câncer. Esta erva daninha está tentando deixar o jardim "mundo" mais feio.
Estou triste e assim como suas irmãs, as outras flores, também vou chorar.
São apenas algumas palavras dedicadas especialmente a minha amiga flor, Cláudia.

(Eliomar de Oliveira)

Eu chorei. Minha amiga, linda flor...morreu. O jardim "mundo" ficou mais feio, ficou mais triste.